Enquanto em Daegu, na Coreia do Sul, a atleta Fabiana Murer sem maquiagem alguma procurava ultrapassar seus próprios limites no Mundial de atletismo, a ilustre deputada federal Jaqueline Roriz, (este sobrenome causa arrepios na espinha) elegantemente vestida na Câmara dos Deputados, pretendia seduzir seus pares para livrá-la do processo de cassação do seu mandato, por ter sido surpreendida recebendo dinheiro do famigerado mensalão do DEM.
Como as influências do meio ambiente é um dos agentes que moldam a nossa personalidade, talvez não seja necessário recorrer ao ofício de Sherloque para descobrir que a cor do berço da atleta não era tão valioso quanto ao da deputada, nem tão pouco para entender porque Fabiana se enveredou por uma das categorias mais difíceis do atletismo, profissão valorizada somente pelo próprio suor e, quando existe alguma ajuda, essa advém somente de erros adversários e quando em vez pela ação divina. E porque Jaqueline escolheu a atividade de parlamentar, ocupação que não tem nenhum compromisso com o justo trabalho, a não ser com o enriquecimento ilícito, onde também não falta uma legião de demônios prestes a encobrir vergonhosas falcatruas, que empurram a cada nascer do sol a atividade política deste país para o fétido esgoto da impunidade.
O corajoso salto para a glória de Fabiana Murer, que superou a grande favorita a medalha de ouro, a bela russa Ielena Isinbaieva, depois de abandonar sua vara lançando seu corpo contra a gravidade para realizar num piscar de olhos uma perfeita curva superando o sarrafo com a inacreditável marca de 4,85 m, contrastou com o covarde discurso de defesa de Jaqueline Roriz (arrepiei novamente), um pronunciamento evasivo e totalmente desagradável à nação, que preservou seus direitos políticos, mas que mais uma vez enterrou a nossa já combalida confiança na Casa que tem o dever de dar exemplos de justiça - algo raro no vocabulário de nossas "excelências".
Jaqueline (não quero outro pavoroso arrepio), crente da sua absolvição, abandonou a Câmara dos Deputados de quatro mesmo antes do resultado final. Seu discurso pífio foi mais uma prova de que o crime compensa (para a sua categoria profissional, é claro), mas não caiu em desgraças.
Como exemplo de uma péssima política será esquecida pelo povo brasileiro em futuras eleições (assim espero). Vaiá-la neste momento é pouco.
Fabiana Murer caiu de costas para a vitória inédita do país na competição. Seu salto foi primoroso, será premiada com a medalha de ouro em pé. Com toda a justiça será eternamente lembrada pelo povo brasileiro como exemplo de atleta. Aplaudi-la neste momento é pouco.

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